Apresentando Jogos Antigos às Crianças de Hoje | Mundo Bits

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Minhas filhas têm despertado para os videogames nos últimos tempos, mas sem muita inspiração. Apesar de gostarem dos personagens Mario e Sonic e terem jogado jogos modernos, inclusive em Realidade Virtual, elas têm se mostrado muito curiosas com sistemas antigos, especialmente o Atari e os primeiros jogos de NES.

Antes de ter filhas, eu achava que para ter um grande programa de pais gamer/geek retro antes de apresentá-las às tecnologias mais modernas, eu deveria, obrigatoriamente, passar previamente por coisas mais antigas.

Pensei que, talvez, elas pudessem apreciar as coisas antigas e experimentar pelo menos alguns dos gráficos e a evolução do jogo ao longo das gerações. Explicar para ambas que alguns quadrados verdes representam um sapo, em Frogger, é um desafio para mim e, creio, um grande estímulo para a imaginação delas.

Só que minha “regra” não tem funcionado de forma tão linear assim. Elas adoram as novidades, pelos mais diversos motivos (exposição nas mídias, amizades, o fato de serem de outra geração, etc.), mas me surpreende como histórias bem contadas e jogos bem produzidos são o que realmente contam.

O primeiro estalo veio quando a mais velha, de cara, se afeiçoou pela sagacidade do Yoda. Ao passo que a mais nova, ainda bem pequena, se engraçou com os gritos do Chewbacca, quando eu estava assistindo O Império Contra-Ataca, pouco depois de ter assistido Rogue One.

Imagem: Lucas Filmes | Yoda e Chewie!

Pensei, “poxa, aqui não tem CG de última geração, os efeitos especiais não são lá essas coisas, mas o que importa são os personagens, a história”.

Saindo dos filmes e indo para os games, foi a mesma coisa quando elas, naturalmente, me viram jogar Frogger, Donkey Kong, Ice Climber e Duck Hunt e se juntaram à brincadeira. São antigos, mas bem feitos. Divertidos. E isso fisgou as duas, ao ponto de passar o meu Atari Flashback Portátil para as duas (obviamente não vou deixar elas jogarem ao bel prazer nos meus Atari 2600 autografados pelo Nolan Bushnell, bem usando os cartuchos, também autografados por David Crane e Howard Scott Warshall, por exemplo).

Ambas já haviam experimentado jogar Just Dance, com o Kinect do Xbox One, Wii Sports, etc. E ao serem apresentadas ao Astro Bot do PlayStation VR, não foi um desestímulo a abandonarem os jogos antigos.

Imagem: Dougret

Claro que a exposição na mídia, em lojas e os amigos delas consomem coisas modernas. E elas querem experimentar esses jogos novos e gastam certo tempo de jogatina neles, por conta do contexto onde estão inseridas.

Mas aprender que existiu o 2D, e que a imaginação era fundamental para imergir no jogo, dá a elas uma ótima perspectiva de interação.

Por outro lado, é visível o sentimento de frustração da turma mais jovem ao jogar jogos dos anos 1970, 1980 e 1990, especialmente por não existirem saves e pelo fato do nível de dificuldade, em muitos casos, ser absolutamente punitivo e a temida frase “Game Over” logo aparecer na tela.

Tento driblar esses aspectos tentando contextualizar para elas como eram as coisas nas décadas passadas, onde não existiam celulares, tablets e até internet. Assimilar isso não é fácil para ambas, que já nasceram no mundo digital, mas eu tento. E acho que, de alguma forma, ajuda nesse processo, rendendo boas conversas com elas.

Imagem: SEGA

E, assim, não me rendo ao “Game Over” de apresentar os jogos de minha infância para minhas filhas. Usamos continue, resets etc. e vamos tentando descobrir esse passado para a geração mais jovem.

Imagem da capa: Nintendo