Por Um Punhado De Bits: A Verdade Está Lá Fora

Renato Degiovani Últimas notícias
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Arquivo X, para quem nunca ouviu falar, é uma famosa série americana de televisão, exibida entre 1993 e 2002, portanto esteve em destaque por 9 anos seguidos. Teve dois filmes produzidos e mais duas temporadas adicionais entre 2016 e 2018. A série gira em torno de dois agentes do FBI que investigam ocorrências paranormais e aparições de objetos não identificados. Essa longevidade da produção norte americana nos mostra que o tema em questão, extraterrestres, rende enredos interessantes.

Numa rápida pesquisa pela internet descobrimos que avistamentos, no Brasil, datam dos anos 50. A primeira aparição documentada pela Força Aérea Brasileira ocorreu em 1952, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Daí em diante os casos se somam e alguns dos mais famosos são: Operação Prato, Caso VASP 196, Caso Feira de Santana, Caso de Cláudio, ET Bilu e o mundialmente conhecido ET de Varginha. Tudo enredo de primeira para aventuras criativas, imaginativas e cheias de mistérios e tudo acontecido e documentado aqui mesmo, perto da gente.

Espera, ET de Varginha virou o primeiro FPS brasileiro, lançado na metade dos anos 90 e relançado a pouquíssimo tempo pela Bitnamic e com Remaster previsto para esse ano. Mas não é ele o foco dessa coluna e sim o potencial que esses temas representam em nossas mãos, ou melhor, em nossa imaginação.

Alguns irão dizer que nenhum desses casos é de fato real, mas essa é a grande vantagem do tema extraterrestre: se nada é real, tudo pode ser inventado, adaptado, reinterpretado e podemos dar o final que desejarmos. Ou melhor ainda, podemos deixar para o jogador decidir o melhor final para a aventura, que afinal será vivida por ele mesmo.

A criação de narrativas dinâmicas é um nicho da área de games que passa bem ao largo das famosas e opulentas produções triple A, mas que não deixa de despertar a curiosidade dos jogadores em potencial. Vide o que anda acontecendo com os retrogames. É um filão de oportunidades para modelos e mecânicas mais simples, objetivas e quase sempre inovadoras. O mundo das narrativas interativas está prontinho para ser desbravado por corações e mentes corajosas, principalmente por conta de não exigir um grande investimento de dinheiros, tanto no modelo só texto como no modelo texto ilustrado.

Não estou falando, obviamente, de trocar os monstros, soldados ou zumbis dos FPS, lançados desde os anos 90, por alienígenas pura e simplesmente mas sim de desenvolver um enredo mais aprofundado nesses temas. Mesmo sendo um tema de ocorrência mundial, ainda estamos falando de cultura brasileira e nem foi preciso citar o pobre coitado do saci pererê.

Como demonstrado pelos adventures, desde os anos 80, a narrativa interativa é muito mais do que simplesmente seguir a mecânica da múltipla escolha de ações que o jogador deve desempenhar, transformando a trama numa teia de opções, com vários possíveis finais, mas mesmo assim fechada em si mesma. Talvez a IA em tempo real mude tudo isso (mais uma vez) mas enquanto ela não vem podemos exercitar a criatividade buscando respostas inovadoras.

A inclusão de objetos, personagens e interação com elementos físicos externos ao próprio jogo, podem dar aquela coloração que anda faltando aos jogos e elevar o interesse pelas narrativas interativas.

Há quem diga que as pessoas hoje em dia não lêem mais e que desistem de qualquer texto que exceda 240 caracteres porém acredito que essa situação esteja sendo mal interpretada: as pessoas não leem mais textos que ficam enrolando e nunca entram de fato no detalhamento do seu propósito. Como diria Ludwig Mies van der Rohe, menos é mais.

Então, se quiser criticar, elogiar, xingar, falar palavras de incentivo, mandar pix pra ajudar na aposentadoria, etc, o canal mais eficiente é o velho e surrado e-mail: renato@tilt.net. Sinta-se livre pra descer o sarrafo porque nesta altura do campeonato, meu amigo, eu já sofri todas as críticas positivas e negativas que um gamedev pode sofrer.

Imagem: equipe Quebrando o Controle