Se você é um fã de animação clássica, com certeza já ouviu falar do jogo “Cuphead”. Lançado em 2017, o jogo se tornou um sucesso instantâneo graças à sua jogabilidade pra lá de desafiadora e estilo visual impressionante, remetendo aos desenhos animados clássicos dos anos 1930 e 1940.

E agora, os fãs podem mergulhar ainda mais fundo no mundo de “Cuphead” com o livro “The Art of Cuphead”, objeto deste Contracapa.
O livro é um verdadeiro tesouro de arte conceitual, contendo esboços e designs que fizeram parte de todo o processo de criação do mundo de “Cuphead”, com todos os absurdos estilísticos que são, a meu ver, a maior graça do jogo, juntamente com o fato de a arte ter sido influenciado pelos desenhos feitos a mão, tal como eram feitas as animações clássicas da primeira metade do século 20, que são a fonte de inspiração do jogo.
O livro está cheio de referências a desenhos animados antigos, desde o estilo de animação até as tramas e personagens. Me parece, inclusive, que todos da equipe de criação do jogo foram trancafiados em um cinema por semanas, assistindo exclusivamente desenhos como as primeiras animações da Disney, O Gato Felix, Betty Boop e os Looney Tunes originais, quando ainda eram chamados de Merrie Melodies.

Por exemplo, em uma das seções do livro, há um desenho de um personagem chamado “Beppi the Clown”, que foi inspirado nesses desenhos animados clássicos. Beppi é um palhaço, sorridente e com uma risada estridente que faz lembrar dos personagens da época. Ele também tem uma série de movimentos de palhaço que fazem alusão a esses desenhos clássicos.
Outro personagem que chama a atenção é o “The Root Pack”, um grupo de vegetais animados que são claramente inspirados pelos desenhos animados de Looney Tunes clássicos. Cada membro do grupo é baseado em um vegetal diferente, como uma cenoura, uma cebola e um nabo. Os personagens são expressivos e exagerados, como suas inspirações antigas e, nesse ponto, que a graça do absurdo se faz mais presente.

O livro também explora as técnicas de animação utilizadas no jogo. O mais bacana é demonstrar como a equipe de animação do jogo usou técnicas antigas, como o desenho quadro a quadro, para criar a animação suave e fluida do jogo. E o livro mostra como essas técnicas foram aplicadas para criar alguns dos momentos mais memoráveis do jogo.
E “The Art of Cuphead” consegue homenagear os desenhos animados clássicos, da mesma forma que o jogo faz a mesma homenagem, mas em uma mídia diferente. O livro é um complemento ao jogo, em especial para os fãs de animação.
Se você ainda não jogou “Cuphead”, definitivamente vale a pena conferir. Apesar de ser um jogo com grau de dificuldade acentuado, lembrando os jogos punitivos dos anos 80 e primeira metade dos anos 1990, é um jogaço!
Depois de jogar, a não ser que você seja uma pessoa absolutamente insensível, será fisgado pelo jogo. Atualmente disponível no PSN, eShop, Live e Steam.
E, com isso, consumir outros produtos de Cuphead não será extraordinário. Seja a série do Netflix, sejam pequenos souvenirs.

Mas se você curtiu mesmo o jogo, este livro “The Art of Cuphead” é obrigatório, para obter uma visão ainda mais profunda do mundo mágico e encantador criado pelos desenvolvedores do jogo. The Art of Cuphead é um livro da editora Dark Horse Books, totalmente em inglês, e com 264 páginas, impressão em cores e em papel cuchê, com capa dura e pode ser comprado em lojas online aqui mesmo no Brasil.

Advogado, graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (2001) e Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade de Fortaleza (2003). Colecionador de jogos eletrônicos. Diretor Vice-Presidente da União Cearense de Gamers – UCEG. Sócio da Quebrando o Controle Entretenimento, diretor de administrativo, produtor e roteirista de jogos eletrônicos. É colunista do site de jogos eletrônicos www.quebrandocontrole.com.br e titular das colunas Manifesto Gamer e Contracapa e apresentador do programa Hidden Gems. É colunista do portal Achou Gastronomia e titular da coluna Vem Pra Mesa.