A RPG, Rede Progressista de Games, grupo que reúne desenvolvedores de jogos, empresas e entidades que trabalham em favor de avanços sociais e políticos no segmento de jogos digitais no Brasil, participou da 5ª edição da PerifaCon, a maior convenção de cultura alternativa e geek das favelas, com sua expertise para alavancar os indie games nacionais, por meio da mentoria Emprega atendimento por BRQ – Marketing, produção, localização, dublagem, game design, imprensa e PR, realizada no sábado, dia 25 de outubro, às 14h.
O Quebrando o Controle esteve presente ao evento e conversou com os integrantes do talentoso grupo de profissionais do setor, identificando detalhes que podem ser cruciais na hora de lançar e divulgar seu jogo independente, conquistando a atenção do mercado e da mídia especializada, de forma a transformar sua criação em um produto reconhecido e bem sucedido.
Abaixo, você acompanha as principais dicas e informações colhidas no rápido bate-papo, que aconteceu antes do início dos trabalhos no atendimento aos interessados.
“As mentorias foram uma ideia da Érika Caramello, junto com a Andreza Delgado, da gente começar a conversar com gente que tem estúdio ou que quer aprender a desenvolver, pra dar dicas em diferentes áreas”, comentou o jornalista Pedro Zambarda com a redação do QoC, explicando o papel de cada profissional presente durante a mentoria. “Eu falo de jornalismo, a Érika fala de marketing, a gente tem também o Breno, que trabalhou com o desenvolvimento de Ruff Ghanor, fala a respeito de programação, ilustração, a parte mais técnica, tem a localização com o Horácio e com o Marcos, tratando dessa questão de localizar os jogos”, continuou Pedro, autor de Videogame Crash, livro também lançado oficialmente no evento. “A gente recebe aqueles estúdios, conversa com eles, e dá uma orientação para quem quer começar”, resumiu.
“Ano passado a gente teve também o [Turi-]Kaapora, com a Victoria Motta, que ganhou edital, e ela foi reformulando o projeto com algumas dicas que a gente deu”, rememorou Érika Caramello, destacando o importante papel realizado pela associação, em encontros técnicos, eventos temáticos ou no apoio estratégico aos desenvolvedores independentes com mentorias do gênero.
De acordo com Pedro Zambarda, a maior dúvida dos interessados na área ainda se concentra em questões fundamentais, como os caminhos para participar desse mercado, integrando um time de desenvolvedores. Pedro elucida: “É entrar no mercado, [saber] como publicar, são coisas básicas, como ‘como é que manda um release’, uma pergunta que eu respondo o tempo inteiro, tipo, ‘cara, escreve!’, formaliza melhor as coisas, é esse tipo de coisa”, enfatizou, demonstrando o desejo latente dos criadores de jogos em encontrar meios para tornar a sua produção conhecida e ver o público jogando os games por eles criados.
“A Andreza, fundadora do PerifaCon, tem uma coisa muito importante que é o Gamer Perifa desde antes da gente começar a conversar, então ela já tem um interesse pela área, tem a galera da Fogo Games, que também veio no bojo da própria PerifaCon, então tem muita gente interessada que a gente esteja aqui falando sobre esses assuntos”, comentou o jornalista, resgatando o histórico da feira geek, que exibe uma ala com games das quebradas desde a sua primeira edição, em 2019, como acompanhou este repórter à ocasião.
“A Rede Progressista vem com esse objetivo de democratizar o acesso aos games periféricos para a indústria, pra que a gente consiga ter inovação nesse país”, pontuou Érika. “É de onde está surgindo inovação, é da periferia”, observou.
Entre os muitos aspectos que permeiam o processo para a construção de uma imagem pública para seus jogos, os desenvolvedores precisam ficar atentos a detalhes que podem não estar no escopo inicial de suas ações, mas podem ser fundamentais para esse processo. Horácio Corral, integrante da Rede Progressista e editor da Tacet Books, amplia essa percepção, ao trazer para o debate a relevância de tratamento sempre cordial e profissional com todos os atores envolvidos na cadeia que pode levar seu game a um protagonismo de sucesso no mercado brasileiro e internacional.
“Tem uma coisa que a gente não pensa e que é tão óbvia, que é a famosa regra de ouro, ‘Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem contigo'”, explicou Horácio Corral. “Então, não mande email mal educado, não fique irritado porque não te respondem, não te publicam, porque, muitas vezes, o desenvolvedor ou você que está tentando um contato profissional, não está sendo claro na sua mensagem, não envia imagem e trailer do seu jogo, e aí fica difícil o trabalho da pessoa que está do outro lado”.
“[É importante] não ficar se medindo com a régua dos outros”, defendeu Érika, em complemento às impressões do editor. “Às vezes, fica dizendo ‘eu sou muito pequeno, não vai dar certo, mas cada um tem a sua trajetória, tem seu público, [como] o público da PerifaCon, que é muito específico e muito amplo, se a gente for pensar em termos de Brasil e América Latina… então, o pessoal fica querendo comparar [seu projeto] com os games Triple A, você é da indústria indie, mas tem muitas chance de ampliar o seu acesso até onde seu público pode chegar, mas onde está esse público?, não necessariamente está em uma grande store, às vezes ele está em eventos, pode estar em pequenos grupos de discussão, e aí e questão de chegar nos influenciadores certos e nos locais certos para alcançar o seu público”, identificou.
Neste processo, tão importante quanto ter um game bem produzido, a equipe de desenvolvimento deve ter um olhar atento a estas demandas de comunicação, como forma de levar o conteúdo referente ao jogo com clareza e objetividade para os meios de divulgação, como sugere Zambarda:
“Deixar um release pré-pronto ajuda muito na questão de gerenciar qual é o gancho daquele jogo para ele ser publicado, ele está falando de algum tema atual, de algum tema clássico, precisa desse gancho porque as pessoas não clicam porque o seu jogo é lindo e maravilhoso ou foi feito na Croácia, a gente até publica isso, mas precisa de diferenciais para poder atingir públicos maiores”, finalizou o editor-chefe do Drops.
Muitos outros dados são igualmente relevantes e podem ser a diferença entre um lançamento bem sucedido e o sentimento de ‘penas mais um’ para o seu jogo, de modo que se faz oportuno buscar todo o conhecimento necessário para posicionar seu game neste disputado panorama de criações.
Interessados podem procurar a RPG para mais informações e detalhes quanto aos caminhos para converter seu trabalho em reconhecimento e retorno financeiro. A Rede Progressista de Games pode ser acessada por meio de suas redes sociais.
Imagem: registro fotográfico de Kao Tokio

Idealizador do projeto Indie Brasilis, ex-editor e atual colaborador do Quebrando o Controle, o jornalista se diz um Geek assumido e fanático por RPG e Dungeons & Dragons. O profissional atua desde 2007 no jornalismo de games, com passagens pelos veículos Portal GeeK, Game Cultura, GameStorming, Rádio Geek e Drops de Jogos, entre outros.