Xbox Series fica popular! Com elevação de preço!

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Como colocar uma empresa ou console na boca do povo do dia para a noite? Existe mais de uma forma de fazer isso, mas poucas são realmente sustentáveis ou respeitosas com o consumidor.

Algumas empresas apostam em bons serviços a preços competitivos. Outras investem em jogos de altíssima qualidade, aqueles que fazem qualquer jogador querer comprar no lançamento. Há também quem facilite o acesso ao console em lojas físicas e online, dando ao consumidor a chance de experimentar antes de comprar.

E aí existe o caminho mais escroto: aumentar o preço de tudo sem justificativa real. Foi o que a Microsoft fez, segundo The Verge. A partir de 1º de maio de 2025, consoles Xbox Series subiram até US$ 100. E os próximos jogos terão acréscimos de US$ 10 no preço base. É difícil defender esse tipo de prática, ainda mais quando sabemos o impacto global disso.

O peso brutal dos aumentos em países pobres

Pode até ser que em países ricos o aumento pareça pequeno. Mas em lugares como o Brasil, onde a economia castiga o trabalhador, qualquer aumento dói fundo. US$ 100 de diferença em um produto já caro representa muito mais que “um ajuste”. No nosso caso, significa não comprar. Significa ficar de fora de lançamentos. Significa ver o hobby virar luxo.

O aumento de preços não vem sozinho. Ele traz exclusão, elitização e frustração. Para quem cresceu jogando videogame, é doloroso ver o mercado trilhar um caminho onde só quem tem muito dinheiro consegue acompanhar. E isso, sinceramente, mata boa parte da magia. Empresas como Microsoft sabem disso. Mas não ligam. Para elas, se você não pode pagar, o problema é seu. E se quiser jogar, que se vire.

Nintendo e Sony seguem o mesmo caminho ganancioso

A Microsoft não está sozinha nesse jogo sujo. A Nintendo, por exemplo, vai lançar o Switch 2 com preço superior ao do primeiro console, lançado em 2017. A Sony, por sua vez, aumentou os preços no Japão em 2024 e agora está repetindo a dose na Europa em 2025. Para mim, está claro que o objetivo dessas gigantes é elevar a margem de lucro ao máximo. A justificativa é sempre a mesma: produção mais cara, impostos, logística… Mas será que esse aumento está mesmo proporcional aos custos?

Na verdade, parece que as empresas perceberam que podem cobrar mais e ainda vender bem. Jogadores apaixonados vão comprar, mesmo com raiva. Mesmo sabendo que estão sendo explorados. O pior é que nem há concorrência de verdade. Se você não quer Xbox, vai de PlayStation. Se não quer nenhum dos dois, sobra a Nintendo. Todas fazendo a mesma coisa: explorar a base fiel de fãs.

O escândalo dos jogos a US$ 89,99 (e R$ 500 no Brasil)

O maior escândalo, no entanto, está no preço dos jogos. Até 2020, o padrão era US$ 59,99. Em seguida, subiu para US$ 69,99. Agora, em 2025, vemos jogos chegando a US$ 79,99 e a Nintendo já mirando em absurdos US$ 89,99. Traduzindo isso para a realidade brasileira, estamos falando de R$ 500 em um único jogo. Isso é inacreditável. E mais: é injustificável. Os custos de produção não triplicaram para justificar esse valor.

Desde que comecei a jogar, lá em 1988, sei o quanto os jogos sempre foram caros por aqui. Minha mãe sempre falava que comprar um joguinho não era barato! Mas, desde pelo menos 2013, tudo está passando dos limites. Virou piada. Virou ofensa. E as empresas fazem cara de paisagem. Esse tipo de aumento tira o jogo das mãos do jogador comum e o coloca como artigo de luxo. Para poucos. Para aqueles que podem rasgar dinheiro sem se importar. É revoltante.

Quem paga tem direito, mas não deixa de ser exploração

Sim, tem gente que vai pagar esses preços. E está no direito delas. Cada um gasta o dinheiro como quiser. Mas isso não torna essa prática justa ou ética. Não mesmo. Sempre existiu quem comprasse jogo caro e quem esperasse promoção. Mas hoje, a diferença está enorme. Quase intransponível. Se você não tem grana, não joga. Simples assim.

Lembro dos tempos da pirataria, quando jogos populares se espalhavam e davam acesso a todos. Era errado, mas ao menos democratizava. Hoje, quem não pode comprar fica só assistindo gameplay no YouTube. E as empresas? Lavando as mãos. “Se você é pobre, foda-se.” Esse é o resumo cruel da indústria atual.

O lucro sempre fala mais alto — e o consumidor que se dane

Toda essa movimentação só mostra uma coisa: o lucro está acima de tudo. O jogador virou estatística, um número em relatório de acionistas. A emoção foi trocada por metas trimestrais. Se para garantir lucros os consumidores precisarem ser espremidos, que assim seja. Essa é a lógica por trás dos aumentos abusivos. Não importa se você cresceu jogando Mario, Halo ou God of War. Você é apenas um CPF que precisa gastar para fazer a máquina girar.

Enquanto isso, remasters e relançamentos são empurrados como novidades. Tudo com capa nova e preço cheio. É o mesmo jogo de sempre, vendido pela terceira vez. E a galera compra. O jogo agora é esse: quem tem, consome. Quem não tem, chora.

A geração da ganância e a morte da paixão pelo videogame

Nunca imaginei ver uma geração de consoles tão gananciosa. Xbox Series e PS5 trouxeram sim boas experiências, mas a avalanche de remasters é uma vergonha. Chega a ser cômico. Em breve, o TGA deveria criar a categoria “melhor jogo relançado do ano”, de tanto remake e remaster empurrado com força.

É falta de criatividade? É preguiça? Ou é só a certeza de que o público paga por qualquer coisa? E os aumentos continuam. Um jogo novo custa uma fortuna. Um console, mais ainda. Para mim, isso não é mais diversão. É exploração. E das mais cínicas.

Obrigado por nada, indústria gananciosa

Obrigado, Trump. Obrigado, China. Obrigado, Microsoft, Sony e Nintendo. Vocês conseguiram. Tornaram o videogame — minha maior paixão desde a infância — em algo para ricos.

Hoje, eu não pago R$ 500 em jogo. Nem R$ 5.000 em console. Já deu. Quem quiser seguir nessa, vá com Deus. Eu fico com meus jogos antigos, minha nostalgia e a certeza de que, um dia, jogar era para todos.