O Natal está entre os eventos mais populares do planeta e certamente um dos mais esperados pelas crianças por conta dos presentes e pela figura icônica do Papai Noel, que oferece mimos e muita alegria.
A data seja o período de comercialização mais expressivo de consoles e games, mas poucos os jogos são dedicados ao evento em quaisquer plataformas. Em 1996, a Sega apostou no clima de Natal ao apresentar Christmas NiGHTS into Dreams, game bônus lançado naquele final de ano como um meio para combater os consoles concorrentes da Nintendo e da Sony.
À ocasião, a Sega levava uma surra mercadológica de ambas as empresas. O Playstation da Sony, lançado menos de dois anos antes, era a plataforma revelação, desejada por todos os gamers do planeta, a não ser os fiéis nintendistas, que regozijavam com o lançamento naquele mesmo ano do Nintendo 64 e Super Mario 64, marco da história dos games que apresentava o bigodudo italiano explorando de forma surpreendente mundos em 3D e, pela primeira vez, falando com o jogador.
Foi nesse contexto que a Sega se viu obrigada a criar algum produto para alavancar seu console, que ainda não possuía nenhuma marca expressiva na batalha. Nights, o personagem introduzido na história da empresa para o próprio Saturn em meados de 1996, era a escolha perfeita, pela receptividade do game e pelo fato de ter à frente do projeto o lendário produtor Yuji Naka, acompanhado pelo Sonic Team, o primeiro escalão de desenvolvedores da empresa, e Naoto Oshima, designer de personagem.
Trata-se na verdade de um jogo demo, oferecido como brinde em revistas de games e nas lojas de brinquedos, com apenas duas fases, mas que explorava as possibilidades de navegação em 3D oferecidas pelo console e estava alinhado com as festividades de fim de ano, algo que poderia chamar a atenção dos pais na escolha dos presentes de Natal da garotada.
O game mantém as características do jogo original, mas transporta o jogador a mundos transformados de belos cenários natalinos e músicas temáticas, com paisagens de neve, luzes brilhantes e confeitos. Cada mundo tem uma aparência totalmente diferente, com sinos substituindo estrelas, anéis transformados em guirlandas, e os Ideya Capture remodelados como enormes árvores de Natal lindamente decoradas.
O jogo ainda apresenta outros temas de feriados anuais como o Ano Novo e o 1º de Abril. Embora curto, o replay value do game está nos extras que vão de um Sonic jogável a um sistema de mixagem de músicas presente no disco. Um dos destaques do lançamento foi o oferecimento de um controle especial, que apresentava um botão analógico para melhor controle do personagem pela tela. O controle, que possuía dois gatilhos, botões tradicionais e um analógico, serviu de base para o que viria a ser o comando definitivo da Sega Dreamcast, último console lançado pela empresa.
Outro pequeno detalhe do game que mostra o cuidado da equipe de produção com o projeto é a identificação da data, que oferece diferenciais dentro do jogo. Ao ligar a Saturn com o disco Christmas Nights em seu interior, se a data jogada corresponde a alguma das festividades presentes no game, o jogador pode conferir certas mudanças no modo de jogo como por exemplo encontrar o pai Natal no dia de Natal, a mensagem “Feliz Ano Novo”, na virada do ano, corações no Dia dos Namorados ou a oportunidade de jogar com Reala, a nêmesis de Nights, no 1º de Abril. A presença de Sonic configura também a primeira aparição em 3D do porco-espinho corredor, antes mesmo do lançamento de Sonic Adventure.
Uma das considerações mais recorrentes dos sites especializados em games confere ao jogo a condição de precursor dos DLC, os Downloadable Contents, hoje muito comuns em todos os jogos, numa época em que a internet ensaiava seus primeiros dias de acesso público.
Christmas NiGHTS into Dreams, já fora de catálogo assim como seu console, saiu posteriormente para a plataforma PS2 na compilação Sega Ages e como remake para os consoles Xbox 360 e PS3 e uma versão digital comercializada pela Valve, e hoje já indisponível.
Feliz Natal!
Este artigo foi escrito originalmente para o site Play’n’Biz e publicado há exatamente uma década.
Imagem: reprodução

Ex-editor e atual colaborador do Quebrando o Controle, o jornalista se diz um Geek assumido e fanático por RPG e Dungeons & Dragons. O profissional atua desde 2007 no jornalismo de games, com passagens pelos veículos Portal GeeK, Game Cultura, GameStorming, Rádio Geek e Drops de Jogos, entre outros.