Aloha! Bem-vindo de volta a mais uma crônica nesta coluna!
Como deve ter notado (até pelo slogan da coluna), não sou um jovem jogador. Pelo contrário. Comecei a jogar videogame em um Atari 2600 que meu pai comprou, salvo engano, em 1984 ou 1985. Por aí. Já dá para ter uma ideia da minha idade.
Pois bem: como qualquer criança dos anos 1980 ou adolescente dos anos 1990, os Arcades, ou melhor, os Fliperamas (arcade é nome estrangeiro, por aqui chamávamos as casas de flíper mesmo que as máquinas de pinball não fossem tão presentes naquela época e a gente acabava jogando mais jogos nos arcades mesmo). Em resumo: jogávamos arcades em locais que chamávamos de fliperamas, mas que, na verdade, eram arcades. Se confundiu sua cabeça, leia pausadamente que vai entender o que eu falei…
Meus locais prediletos para jogar em fliperamas eram no shopping Iguatemi. Na primeira etapa do shopping, a construída nos anos 1980, onde hoje está instalado um restaurante insosso self-service, existia um fliperama bacana chamado Playtime.
A primeira vez que joguei Tartarugas Ninja (quem não curtia o Michelangelo nos anos 1980 pode jogar uma pedra) e Pit Fighter (putz, como gastei fichas com Buzz, Ty e Kato) foi por lá. Dragons Lair (apesar de ter jogado pouco, me impressionava pelo visual). E o mais legal é que, apesar de já ter arcades mais modernos (por favor, lembre que estou falando da gloriosa década de 1980), também era possível encontrar máquinas mais antigas, como Road Fighter e Black Belt, e algumas poucas máquinas de pinball que me deixavam hipnotizado com suas luzes.

O mais legal desse fliperama do Iguatemi era a aura do local. Luzes piscando no letreiro (ainda lembro das luzes vermelhas e amarelas), ambiente relativamente escuro lá dentro. E barulhento. Muito barulhento. Até pelo fato de não ter um tratamento acústico. Então era o som dos games e do povo conversando, tudo misturado. Uma verdadeira confusão organizada, onde todos se entendiam.
Era nitidamente um local feito para jovens torrarem o dinheiro de suas mesadas com fichas das máquinas. Era ponto de encontro da turma. E estava longe de ser um local perigoso, até porque era instalado dentro de um shopping center.
Após algum tempo, no shopping mencionado anteriormente (não vou ficar repetindo o nome, até porque não há patrocínio da minha parte, mas deixo aqui o espaço aberto para qualquer eventual contato de patrocínio, é claro, afinal, como mencionei, não sou bobo), foi inaugurado um novo fliperama durante a primeira expansão, situado em frente às novas salas de cinema. Enquanto o fliperama anterior oferecia um ambiente fechado, com a típica atmosfera de fliperama, este novo espaço tinha um ambiente aberto, no meio de uma área de passagem.
Apesar de não ter o mesmo charme, neste novo local foram instaladas máquinas memoráveis, como Rad Racer, Afterburner, Daytona USA, Mad Dog McGree e Marvel Super Heroes (que também consumiram uma boa quantidade das minhas fichas), além do jogo mais memorável que já vi na vida (apesar de ter permanecido pouco tempo por lá): Time Traveller, da Sega. Isso merece um parágrafo exclusivo.
Time Traveller era um jogo simples da SEGA, porém com um visual simplesmente deslumbrante (até hoje não vi nada nem mesmo parecido, nem com PS5, Xbox Series X, ou óculos de realidade virtual): HOLOGRAMAS. Sim. Nos anos 1990, a então poderosa Sega apresentou uma máquina de arcade com hologramas, onde os personagens surgiam em uma redoma digital diante de nós. Até hoje, é absolutamente impressionante!
Outro local que tinha um fliperama bem bacana era no antigo Aeroporto Pinto Martins, aqui em Fortaleza. O terminal antigo (que ainda está em funcionamento, mas apenas para voos de carga) abrigava vários arcades de qualidade. Conversando com meu amigo William Carlos, o Moisés dos Games (essa é uma longa história, de tempos quase esquecidos), lembramos de jogos como Robocop, Black Belt e Tartarugas Ninja. Eu adorava ir ao aeroporto para receber familiares que chegavam de viagem e aproveitar para jogar essas preciosidades.
Apesar de não ter um ambiente tão chamativo quanto o Playtime, com seus letreiros piscantes, ou máquinas tão chamativas como as do fliperama da primeira expansão do shopping mencionado anteriormente (mais uma vez, o espaço publicitário está disponível para contatos), ainda assim era ótimo gastar algumas fichas por lá!
No entanto, o tempo é implacável. Todos esses locais bacanas sucumbiram ao longo do tempo… Por diversos motivos…
Os fliperamas não acompanharam as atualizações; os consoles domésticos evoluíram e passaram a oferecer jogos que anteriormente só estavam disponíveis nos fliperamas; os espaços se tornaram obsoletos, e então, veio o declínio dos antigos fliperamas: as casas de jogos, misturadas com carrosséis e outras atrações, acopladas a ambientes de festas de aniversário infantis, onde você paga com um cartão e ganha tickets para trocar por brindes (algo como 4 milhões de tickets por um patinete de 100 reais). Uma verdadeira miscelânea…
E, por outro lado, o único lugar onde ainda é possível jogar um jogo de corrida ou de tiro em tela grande nos dias de hoje… (e ainda existem pessoas que não sentem falta de jogos como Daytona USA, Cruise USA, Mad Dog McGree ou The House of Dead, e preferem atirar em piratas genéricos ou correr em meros clones de jogos antigos…). E que ainda mantém uma certa aura dos gloriosos fliperamas do passado… Dos quais sinto muita falta até hoje. E provavelmente sentirei até ficar bem velhinho, possivelmente jogando Atari ou Mega Drive numa rede depois do café da tarde…
Imagem da capa: Disney.

Advogado, graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (2001) e Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade de Fortaleza (2003). Colecionador de jogos eletrônicos. Diretor Vice-Presidente da União Cearense de Gamers – UCEG. Sócio da Quebrando o Controle Entretenimento, diretor de administrativo, produtor e roteirista de jogos eletrônicos. É colunista do site de jogos eletrônicos www.quebrandocontrole.com.br e titular das colunas Manifesto Gamer e Contracapa e apresentador do programa Hidden Gems. É colunista do portal Achou Gastronomia e titular da coluna Vem Pra Mesa.