Assassin’s Creed Odyssey | Review

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Poucas coisas são certas no mundos dos jogos. Posso citar alguma delas facilmente como por exemplo: PES e FIFA anuais, versões remasterizadas de jogos do Xbox 360 e Ps3, e um novo jogo da saga Assassin’s Creed a cada ano.

Assassin’s Creed Odyssey, ACO, é o 11º jogo da franquia que iniciou-se em 2007 com o primeiro jogo sendo lançado para os consoles da época. Embora na época fosse uma franquia nova, sua espinha dorsal já existia a bastante tempo e intitulava-se: Prince of Persia, jogo que também pertence a Ubisoft, mas acabou sendo deixado de lado durante o crescimento dos jogos da franquia AC. ACO é o segundo jogo lançado após o hiato de um ano sem jogos da franquia, que começou com Origins em 2017, jogo que reformulou completamente o sistema de combate e mecânicas do jogo, agora temos um jogo voltado para o que é bastante consumido no momento, um jogo de ação e aventura com elementos de RPG.

Gameplay:

O Jogo traz um sistema de batalha um pouco diferente daqueles que já estão acostumado com a série clássica, até mesmo as famosas stealth kills  foram deixadas de lado, ou seja, o que antes era somente apertar um botão para nocautear ou matar um inimigo e facilitar a sua exploração no cenário agora depende do seu nível de ‘dano’ para tal ação, dependendo do seu dano e do nível do inimigo que você está enfrentando a mecânica que é marca carimbada da franquia não fará efeito algum, um ponto bastante negativo para aqueles que gostam de jogar sem ser serem notados, a vantagem é a adição do arco e flecha que faz com que o jogador possa atacar de longa distância e até chamar atenção dos inimigos.

O combate corpo a corpo é simples porém eficaz, não é tão elaborado e exigente de uma precisão cirúrgica como um Soulslike, mas dependendo do nível de dificuldade escolhido pelo jogador pode ser um pouco desafiador nas primeiras horas. Existe a possibilidade de adicionar um dano a sua arma, independente de qual ela seja, o jogador pode colocar “fogo” em sua arma ou até mesmo envenena-lá para causar um dano extra que será consumido do inimigo durante um período de tempo, a variedade de equipamentos é gigantesca, indo de adagas e espadas, passando por machados, cajados e lanças.

Devido a mudança que o jogo sofreu a partir do seu antecessor, um sistema de decisões foi integrado durante o diálogo algo que já vem sendo estabelecidos em grandes jogos nos últimos anos, podemos observar essa mecânica em jogos como: Fallout, Horizon: Zero Dawn, Persona e etc. Assim como nos jogos citados, suas decisões tem impacto na campanha, dependendo do que você conversou com algum personagem uma missão paralela, ou até mesmo principal, pode ser afetada.

Menu do jogo, é possivel notar a quantidade de equipamentos e a sua raridade que varia de acordo com a cor. Fonte: GameBlast
Menu do jogo, é possivel notar a quantidade de equipamentos e a sua raridade que varia de acordo com a cor. Fonte: GameBlast

Menu do jogo, é possível notar a quantidade de equipamentos e a sua raridade que varia de acordo com a cor. Fonte: GameBlast

Além disso, para dificultar um pouco mais o jogo, o modo de exploração foi adicionado, tal modo exige total conhecimento do mapa pelo jogador, em grande parte das missões você só receberá dicas do paradeiro de uma cidade, templo ou personagem e a partir disso você tentará descobrir onde o local que dará continuidade a história estará, você tem o auxílio de Ikaros, sua águia de estimação que funciona como um “drone” e pode localizar e marcar locais no mapa para que você continue seu progresso.

Definitivamente eu aconselho o jogador a escolher essa opção pois torna a imersão um pouco maior, além de aumentar o nível de dificuldade no quesito exploração e solução de quests.

Enredo.

Confesso que fazia bastante tempo que não jogava um jogo da franquia.  Desde 2013 para ser mais exato, Assassin’s Creed 3 foi a minha última experiência com a franquia, e o principal fator não foi o fato de ficar entediado com a jogabilidade, e sim o fato da história principal, a que se passa no presente, ter sido deixada de lado sem nenhuma explicação relevante.

Em ACO, continuamos com a nova protagonista apresentada no jogo anterior, Assassin’s Creed: Origins, de 2017, Layla Hassan que dessa vez está atrás da lança de Leônidas um artefato que segundo pesquisadores possui poderes sobrenaturais, ao encontrar o artefato ela consegue identificar a árvore genealógica de Leônidas e descobre que existem dois códigos genéticos que batem com o do antigo guerreiro, é nessa hora que somos introduzidos a uma nova empreitada na série, a possibilidade de escolher o personagem que iremos jogar durante toda a longa campanha do jogo, nesse caso os personagens são: Kassandra e Alexios.

Layla segurando a lana de Leônidas. Fonte: Canaltech
Layla segurando a lana de Leônidas. Fonte: Canaltech

Particularmente decidi jogar com Kassandra. Sempre que tenho a opção de escolher entre um personagem feminino ou masculino, procuro escolher o do gênero feminino, o motivo é enxergar como o autor preparou o enredo para tal, além do fato de a quantidade de protagonistas femininos nos jogos serem bem baixas.

Dando continuidade, como o jogo é ambientado na Grécia antiga, nada mais do que justo todo o enredo ser baseado nas famosas tragédias gregas, para os que não conhecem deixo algumas recomendações no final deste artigo, bem como algumas obras nacionais com o mesmo estilo, após o jogador decidir com quem ele irá seguir sua jornada no jogo, somos apresentados a um flashback que ocorre durante a infância do personagem principal (não se preocupe, o enredo é o mesmo independente do protagonista escolhido).

 

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Kassandra antes de iniciar sua jornada.
Devido a lealdade de seu pai ao código espartano, ele é forçado a sacrificar seu filho mais novo para que o mesmo não venha causar uma “tragédia” no futuro. Entretanto, Kassandra e sua mãe clamam por misericórdia para que poupem a vida do pequeno Alexios, porém seu pai Nikolaos é leal ao código e decide jogá-lo do penhasco. Em um momento de ira e desespero Kassandra acaba assassinando um dos membros do conselhos e seu irmão é acidentalmente jogado, tomado por ira seu pai também a joga, começando assim o início de nossa jornada.

Kassandra cresceu e leva a vida como mercenária, é considerada uma das melhores de sua região, porém, um dia ela decide sair em busca de algo que sempre a atormentava: Sua família. A sua ideia é descobrir o paradeiro de sua mãe e exigir respostas de seu pai Nikolaos para saber o que o conduziu a tais atos, pois até antes daquele acontecimento ele a pessoal que Kassandra tinha mais apreço na vida. Ao saber do paradeiro de Nikolaos ela parte em viagem pelos mares da Grécia e o reencontra, descobrindo então que sua mãe ainda está viva e o motivo pelo qual tudo aconteceu é mais misterioso do que ela imagina.

Diferente dos jogos clássicos, os vilões não são templários, ou seja, como o período histórico onde o jogo se passa acontece bem antes do surgimento dessa ordem, a equipe introduziu não só a origem do clã dos assassinos mas também a linhagem daqueles que iriam se tornar os templários e o grupo Abstergo no tempo presente. Nesse ponto a adição do grupo, intitulado Cult of Kosmos, é interessante pois eles se usam de tecnologias avançadas das civilizações antigas além de deterem poderes econômicos ao redor das ilhas, bem parecido com o presente.

Membros do culto próximos ao artefato da antiga civilização.
Membros do culto próximos ao artefato da antiga civilização.

Vale ressaltar que em um determinado ponto, o jogo nos mostra três objetivos primários, ou seja, o enredo principal se ramifica em outras três histórias que ao serem completadas possuem finais individuais que ajudam a complementar a narrativa. É uma decisão interessante, entretanto confesso que a ligação entre os finais ficaram bastante vazias, pois, no meu caso, acabei fazendo o mais “difícil” primeiro e os outros dois não causaram o mesmo impacto, às vezes você se pega fazendo missões paralelas e acaba deixando de lado a objetivo principal e fica um pouco confuso para retornar a linha de acontecimentos, uma boa saída seria uma exploração após o final da campanha principal onde o jogador teria um ou dois novos objetivos para liquidar de vez com o jogo.

 

Referências Históricas

Algo já conhecido na franquia é a presença de personagens históricos e como eles são encaixados no enredo do jogo, podendo serem vilões ou aliados.

Em ACO, encontramos inúmeros personagens, por se tratar da Grécia antiga o berço da democracia e local de origem de diversos filósofos. Nesse ponto, o jogo ainda mantém o seu alto nível, é preciso tirar o chapéu para a equipe de pesquisa da Ubisoft, em grande parte dos seus jogos, cenários e personagens são tratados de forma bastante fiel e interessante que fazem com  que o jogador busque pesquisar e aprender um pouco mais sobre aquilo que lhe foi apresentado no jogo.

Destaque para Sócrates, que teve seu personagem muito bem retratado principalmente quando você trava ‘duelos’ verbais com o personagem, a ironia de Sócrates que tanto observamos em obras é representada de forma extremamente interessante, e até sua fascinação pela morte aparece em breves diálogos durante o desenrolar da campanha.

Sócrates durante uma de suas interações. Fonte: Gamebyte
Sócrates durante uma de suas interações. Fonte: Gamebyte

É impossível não chegar em Atenas e não se encantar com a cidade, a forma como ela foi representada no jogo foi de um nível bastante elevado, as estátuas, que muitos pensam ser brancas mas na verdade era coloridas e possuíam uma riqueza de detalhes impressionante, nosso primeiro contato com a mesma é durante linhas de diálogos, quando os personagem sempre ligam Atenas a democracia e Esparta a grande guerreiros, além da mineração e sistema agrícola e a forma de como esses bens são transportados de uma ilha para outra que é facilmente observado quando exploramos o jogo com nosso navio.

Mundo Contemporâneo e Animus

Depois de 11 jogos, a fórmula de um jogo tende a se desgastar, a não ser que os produtores trabalhem com suas franquias da mesma forma com que a Nintendo cuida de suas IPs, um fato que me deixou bastante incomodado durante o gameplay foi o fato de ainda não terem abandonado a Animus, ao meu ver, o que era mais interessante nos jogos com o protagonista Desmond Miles (ACI – ACIII) era o fato de tudo o que você jogava no passado está totalmente ligado aos acontecimentos do “futuro”, algo que se pararmos para analisar com um pouco mais podemos encontrar a mesma ideia na frase de um dos primeiros historiadores e personagem de ACO, Heródoto.

“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”

― Heródoto

Entretanto, o que vemos em ACO é um jogo com 99% da sua campanha voltada para o passado e pequenos flashes no presente, falando de uma forma mais resumida, joguei o jogo por volta de 90 horas até fechar a campanha principal e todas os extras do jogo em 100%. Contudo somente 5-10 minutos foram jogados no presente, isso incluindo um dos finais do jogo. Penso que isso é uma ideia de não abandonar o que foi estabelecido em 2007 com o primeiro jogo, mas que também foi completamente jogado na cesta do lixo com o final de AC3.

Aspectos Positivos:

  • Contexto Histórico
  • Mundo aberto extremamente grande
  • Dublagem, embora tenha jogado o jogo totalmente em inglês após o término do jogo comecei a campanha e  joguei em português, confesso que a equipe de dublagem fez um ótimo trabalho.

Aspectos Negativos:

  • Enredo lento e arrastado, a sucessão de eventos de ACO são bastante lentas e não tem um peso que façam o jogador continuar sua campanha, para traçar um paralelo com um jogo da franquia que fez isso divinamente bem, em ACII todos os eventos do jogo estão interligados e constroem toda a narrativa envolta do personagem Ezio, desde o aprender a manusear armas até saber se esconder nas multidões com a ajuda de cortesãs
  • Bugs da Ubisoft, em alguns momentos o jogo literalmente  travava ou ficava bastante lento, para se ter uma noção, parece quando você tenta instalar um jogo no ultra tendo um PC de médio porte para rodar.  Reparem no vídeo abaixo:

 

Veredito:

Se você é fã de jogos de RPG de ação e uma adaptação histórica, Assassin’s Creed Odyssey pode ser uma boa pedida, caso nunca tenha jogado nenhum jogo da franquia, aconselho a começar pelo segundo jogo, que, até hoje, ainda é o melhor jogo em todos os aspectos e com certeza sem ele nenhum dos jogos posteriores existiriam.

Leitura:

Jasão e os Argonautas

Os 12 Trabalhos de Hércules

Dados técnicos:

Assassin’s Creed Odyssey

Desenvolvedor: Ubisoft Quebec

Publisher: Ubisoft

Plataformas: PlayStation 4, Xbox One e PC

Lançamento: 5 de outubro de 2018

Versão testada: PS4

Aguardem e confiram mais reviews aqui e no canal do QoC


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André Mesquita
Mercante, Professor e amante de jogos digitais
‘A cultura gamer vai muito além de pressionar botões ‘