Há algum tempo recebi a dica de um amigo para assistir à série o Dia do Chacal. Tenho evitado assistir a séries. O tempo gasto para ver uma temporada muitas vezes não compensa o retorno que ela te dá, mas neste caso eu não me arrependi. Posso afirmar tranquilamente que “O Dia do Chacal” é uma das melhores séries de 2024.
Até onde você iria para cumprir um objetivo? Quão obcecado você poderia se tornar diante de uma missão desafiadora? O que você seria capaz de fazer para conseguir dar uma vida melhor às pessoas que você ama? O quão importante são suas convicções antes de fazer uma escolha que mudará sua vida para sempre? Essas são algumas das perguntas que a série deixa no ar para o espectador.
Eddie Redmayne (o Newt Scamander de Animais Fantásticos) dá vida a um assassino profissional, o Chacal, contratado para matar um político alemão. Após este trabalho, ele é contactado para eliminar um bilionário que está incomodando alguns círculos poderosos. A trama se desenrola neste clima de suspense, num jogo de gato e rato enquanto Bianca (Lashana Lynch), uma agente do serviço secreto britânico e aficionada por armas, tenta impedir o crime e prender um criminoso que há pouco tempo ela sequer conhecia a existência.
O final da série nos deixa sentados na ponta da cadeira querendo saber o próximo passo e pensando em todas as possibilidades diferentes que poderiam ter acontecido caso as escolhas das personagens fossem outras.
Os episódios têm uma duração média de 45 a 50 minutos e conseguem prender o espectador do início ao fim, criando a tensão de querermos saber o que a próxima cena nos trará. O enredo nos faz afeiçoar aos personagens e ao mesmo tempo ter raiva de suas decisões. Somos frequentemente confrontados e levados a julgar as decisões que os personagens tomam no decorrer da temporada.
Outro ponto forte é a abertura, com a música “This Is Who I Am”, da cantora britânica de R&B Celeste, que nos remete imediatamente aos filmes da franquia 007 e mostra, em suas imagens, toda a dualidade da série.
O ponto baixo da série, a meu ver, fica na falta de explicação em torno das consequências de algumas ações ocorridas, aparentando que alguns pontos que seriam mais explorados no roteiro são abandonados quando o conflito principal chega ao ápice, mas nada que comprometa a qualidade da série.
A série está disponível para streaming no Disney+ e vale cada minuto investido.
Nota: 9,0

José Maria Santiago, médico psiquiatra e professor de medicina, é um explorador da mente humana e um aficionado por cultura pop. Entre aulas e consultas, também encontra tempo para debater filmes, séries e games no seu podcast, o Encontroverso, onde o cérebro e o entretenimento se encontram. Especialista em fazer a ciência caber numa conversa de café e em emitir opiniões baseadas em certezas que não tem, acredita que o equilíbrio está entre a compreensão profunda da psique e uma maratona de filmes ruins bem escolhida!