Minecraft: O Filme – Um Encontro de Gerações com Blocos e Pixels

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Olá pessoal. hoje vou me arriscar a fazer um breve review sem spoilers sobre “Minecraft: O Filme”. E para mim foi uma experiência curiosa, marcada por um claro abismo entre a minha percepção, como espectador com mais de 40 anos, e o entusiasmo contagiante do meu filho de 11 anos e seus amigos. O filme, claramente direcionado a um público mais jovem, acabou revelando uma interessante dinâmica sobre como diferentes gerações se conectam (ou não) com uma propriedade intelectual tão popular.

Para mim, a adaptação cinematográfica de um universo tão vasto e criativo como Minecraft deixou a desejar em diversos aspectos. A começar pela qualidade da computação gráfica, que, para os padrões atuais do cinema, pareceu surpreendentemente datada, colorida demais e com texturas pouco convincentes. A sensação que tive é que o visual não conseguiu capturar a beleza e a diversidade dos biomas e criaturas que tornam o jogo tão especial. Mesmo notando que os efeitos especiais do filme são chamativos e reagem bem aos personagens humanos. A empresa Digital Domain, responsável por parte do CGI, já trabalhou em outros filmes de sucesso, como Duna, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, Vingadores: Ultimato e Capitão América: Admirável Mundo Novo. Acredito que poderia ter sido melhor balanceado e de uma qualidade mais acurada.

Além disso, a narrativa, embora simples e direta, careceu de profundidade e nuances que pudessem engajar um público mais adulto. Os papéis dos atores pareceram caricaturais e a infantilização da trama, com piadas e situações por vezes pueris, contribuiu para uma experiência que, para mim, beirou o tedioso. Senti falta de uma camada narrativa mais complexa, que pudesse explorar temas como a criatividade, a sobrevivência e a comunidade de uma forma mais madura.

No entanto, nem tudo foi desprovido de interesse para um espectador mais Old School como eu. Uma grata surpresa foi uma parte da história de Garrett Garrison, interpretado por Jason Momoa, com sua loja de artigos de games, trouxe um leve alento nostálgico ao filme, apresentando itens icônicos e raros do universo dos games, que certamente despertarão um sorriso em jogadores de longa data. Houve até mesmo uma piada bem colocada sobre o colecionismo e o exagero de alguns acumuladores, um toque de humor mais sofisticado que destoou do tom geral infantilizado da produção. A crise enfrentada pelo personagem e o evento envolvendo um raro console mencionado no filme (que não irei detalhar para evitar spoilers) adicionaram uma camada extra de entretenimento, mesmo que breve, para quem acompanha a cultura dos games há mais tempo.

Agora o contraponto, a reação do meu filho e seus amigos foi predominantemente positiva. Para eles, o filme foi uma aventura emocionante e divertida. Embora meu filho tenha notado algumas diferenças significativas entre a adaptação e a lógica do jogo – como ele mesmo apontou, “algumas coisas estavam bem diferentes” – isso não diminuiu seu apreço pela maneira como a história foi contada. Ele e seus amigos se divertiram com os personagens, vibraram com as sequências de ação e, principalmente, sentiram que o filme “deu uma sensação de que o jogo iria durar mais”, como se a experiência cinematográfica expandisse o universo que eles tanto amam.

Essa disparidade de opiniões levanta uma questão interessante sobre a adaptação de videogames para o cinema. Enquanto os fãs mais jovens parecem priorizar a manutenção do espírito e da atmosfera do jogo, mesmo que com algumas liberdades criativas, o público mais adulto pode buscar uma narrativa mais sofisticada e uma produção visual impecável.

“Minecraft: O Filme” parece ter feito uma escolha clara em focar no seu público principal: as crianças e os jovens que já são entusiastas do jogo. Para eles, a familiaridade com os elementos do universo Minecraft e a promessa de novas aventuras podem ter sido suficientes para garantir uma experiência positiva.

Em resumo: Para os pais e espectadores mais velhos, “Minecraft: O Filme” pode parecer uma produção simplória e visualmente aquém do esperado. No entanto, a participação de Jason Momoa como Garrett Garrison e a inclusão de referências nostálgicas e uma piada sobre colecionismo oferecem momentos isolados de interesse. Para a geração que cresceu construindo mundos virtuais com blocos, o filme parece ter acertado no tom e na entrega da diversão, mesmo que com algumas adaptações em relação ao jogo original. A experiência de assistir ao filme com meu filho foi, no mínimo, um lembrete de como o entretenimento pode ser percebido de maneiras tão distintas através das lentes da idade e da familiaridade com o material de origem. Talvez, a verdadeira magia de “Minecraft: O Filme” resida justamente em unir diferentes gerações em torno de um universo de blocos, mesmo que por razões bem diferentes.

A Warner Bros. Pictures e a Legendary Pictures apresentam uma produção da Vertigo Entertainment, On The Roam e Mojang Studios, dirigida por Jared Hess, Um Filme Minecraft, que está em cartaz nos cinemas e nas salas Imax de todo o mundo pela Warner Bros. Pictures, e na China, pela Legendary East, teve estreia no Brasil em 3 de abril de 2025.